Acontece que, uma vez por ano, as bruxas das famílias Hussain, Allen, Lloyd, Onori, White, Edwards e Engelmann são libertadas de suas limitações e tornam-se livres por completo. Diz a lenda (que não é apenas uma lenda), que uma vez por ano, um forte vento sopra por todos os cantos do mundo, e que, nessa data, não importa onde você esteja, você sentirá o vento e ouvirá uma leve brisa, como se estivessem assoviando suavemente ao seu ouvido. Essa data é 1º de Julho. A data não é por nada, ela tem uma razão: são sete famílias, representadas pelo sétimo mês, buscando um único objetivo, representado pelo número 1. Quer comprovar? Espere pelo próximo 1º de Julho, das 7 da manhã às 7 da noite. Num período de 12 horas, pode ter certeza de que as sete famílias sobrevoarão sua cidade a uma velocidade assustadora, levando consigo o vento. De qualquer forma, como eu disse antes, elas possuem um único objetivo: iniciar as preparações para o Halloween.
O Halloween é, sem exagero, o pior pesadelo de alguém que vive em um mundo paralelo, especialmente os mundos dos deuses, das fadas e o reino da magia. Se não fossem as sete famílias, o Halloween nem sequer existiria. Por esse mesmo motivo, a palavra "Halloween" foi originalmente concebida como uma abreviação dos sobrenomes das sete famílias de feiticeiras: Hussain, Allen, Lloyd, Onori, White, Edwards e Engelmann.
O "pior pesadelo" começa com um convite estúpido, que geralmente leva estampado em sua capa uma imagem mágica de borboletinhas de cor margenta dançando. Cada borboletinha vai pulando e deixando um rastro de luz que forma a palavra "convite". Eu acho isso ridículo, mas tem quem goste. Existe louco pra tudo, não é? Mas, se algum dia você vier a receber um desses "trequinhos", por favor, fica a dica: não aceite. Caso você aceite, elas te levarão da próxima vez que você piscar os olhos (como eu disse antes, são muito rápidas), e quando você tornar a abrir os olhos, estará em uma mesa de chá repleta de aperitivos "deliciosos", como fezes de rã, patas de aranha, rabos de rato ou caramelos sabor meleca de nariz e bombons sabor cera de ouvido. É nojento, mas eu infelizmente já aceitei, e elas não te deixam ir embora até provar ao menos um punhadinho de cada iguaria.
Porém, não aceitar tem o seu lado ruim também. Quem receber o convite (que geralmente são todos do mundo mágico e alguns mortais comuns desprovidos de sorte) e não aceitar, pagará uma multa. Essa multa é frequentemente uma coisa patética, como enrolarem papel higiênico em suas casas ou degolarem as galinhas de telhado que apontam a rosa dos ventos. Porém, outras vezes (mais raramente), elas furam os pneus dos carros, riscam a lataria e ateiam fogo em seus dedos do pé enquanto você dorme. Mas, convenhamos, nada disso é tão ruim quanto tomar um suco sabor suor de atleta e comer um sanduíche de baratas, é? Não, não é.
Mas enfim, à meia-noite do dia 31 de Outubro, os poderes das bruxas são limitados novamente, e elas não podem mais voar com tanta velocidade, nem mandar convites dançantes para mais ninguém (aliás, até podem, mas terão que pagar por isso). Então, só resta elas esperarem pelo próximo dia 1º de Julho, quando serão libertadas para chatear a vida alheia novamente.
Ah, outra coisa: aproximadamente 70% de todos os doces que as crianças recolhem no Halloween foram trocados pelas bruxas por balas controladoras, que dão às crianças vontade de comer mais e mais doces. Desta forma, as bruxas mantém-se vivas durante séculos, aproveitando-se dos portais interdimensionais entre o mundo dos humanos e da magia que as pessoas criam sem saber em suas residências durante as semanas que antecedem o Halloween, e que geralmente, são portais-abóbora.
Pois é. Por isso, da próxima vez que tiver uma festa de Halloween, lembre-se do porque que eu tanto odeio essa data.