terça-feira, junho 21

Las Vegas, Nevada, Estados Unidos, 21 de Junho, solstício de verão. Lá estávamos eu e Keinan, dentro do hotel e casino Stratosphere Las Vegas, quarto número 2253, a centenas de metros do chão. Keinan me fitou por alguns instantes, e disse:
- Que tal treinarmos?
Eu retruquei.
- De jeito nenhum! Quero dizer... isso é loucura! As outras pessoas não precisam saber que nós...
- Que nós somos semideuses? E que até os deuses temem o nosso poder?
- Bom... essa é a intenção.
- Veja bem... ãhn... maninho. Deixe de tanto drama, um treino não vai fazer mal algum.
- Nem vem! Você esqueceu que podemos colocar esse lugar abaixo?
- Hm, talvez. Vamos chamar isso de consequência simples.
- Simples? Me poupe.
- Então, que tal um trato?
- Sei que ainda vou me arrepender disso, mas... diga.
- Ah, bem engraçadinho. É o seguinte: eu vou usar o poder de Afrodite, e manipular o sentido dos humanos.
- Ok... e?
- E daí é que eles não ouvirão nem sentirão absolutamente nada.
- Hm... e quanto ao fato de perigo de destruição desse lugar?
- Não há perigo algum, nanico.
- Ei, eu sou mais alto que você!
- Mas e daí? Eu nasci 5 minutos antes, então você para sempre será um nanico.
- Tá então, se tu diz...
- Que bom que concorda! Enfim, o prédio não será destruído. Eu tenho tudo sob controle, ok?
- Ãhn... o...  ok.
Não me peçam como eu concordei. Só acho que... acho que alguma coisa na voz dela me pareceu bem real, e me deu confiança. Assim, Keinan murmurou algo em grego antigo, e uma leve brisa pôde ser sentida. Em poucos instantes, todos os sentidos relacionados à magia dos humanos haviam sido desligados. Keinan abriu um sorriso, parecendo muito satisfeita com o que fizera. Então, murmurou novas palavras em grego antigo, e a leve brisa logo transformou-se em um ciclone, engolindo tudo o que estava em seu caminho. Me perguntei como era possível que os humanos não sentissem aquilo, e como é que aquele lugar não viera abaixo. Logo, percebi que algo, parecido com um campo de força, impedia o poder de Keinan de destruir a torre do hotel-casino Stratosphere Las Vegas. Pulei para trás, e me concentrei no poder de Zeus. Fechei rapidamente os olhos, e quando voltei a abrí-los, dissipei o ataque de Keinan.
Logo, a expressão de Keinan passou de sorridente para frustrada.
- Agora é você que ataca, moleque! - disse Keinan.
Fechei os olhos e rezei para Hefesto, o deus das máquinas, da tecnologia, e do fogo. Dessa vez, eu estava interessado no fogo. Me concentrei um bocado, impulsionei minhas mãos frente ao peito e desferi um golpe no meio do nada. Imediatamente, uma enorme e escaldante bola de fogo dirigiu-se à Keinan, mas ela a defendeu com um simples gesto: ela colocou sua mão direita frente ao peito e se concentrou, lançando um campo de energia que eu reconheci de imediato: telecinésia. Assim, minha bola incandescente parou frente à ela, que fez um novo gesto com as mãos, fazendo com que minha bola de fogo fosse atirada de volta a mim.
Durante alguns segundos, cedi ao desespero. O fogo enviado de volta vinha como um míssel, e eu tinha pouquíssimo tempo para me defender antes de virar churrasco de fim de ano. Foi então que lembrei do meu pai, e conjurei os seus (e os meus) poderes. Me lembrei das ondas quebrando na praia, do tridente, imperando no palácio submarinho, da areia, dos terremotos... lembrei-me de Poseidon.
Assim, meus olhos brilharam. Uma forte luz tremeluziu no quarto, e uma enorme muralha de água ergueu-se perante a mim, e apagou a bola incandescente que fora enviada de volta. Keinan ergueu as sobrancelhas, com ar de espanto. Então, controlei a água e atirei uma enorme onda destrutiva na direção dela: a batalha real havia, oficialmente, começado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Opiniões bem-vindas.