segunda-feira, julho 11

A água escaldante do rio Estige tocava meus pés. Tudo estava tão... sombrio. Estávamos eu, Thalia e Helen, frente-a-frente com Keinan, a minha problemática irmã mais velha.
Fitei Keinan por alguns segundos. Ela usava uma roupa preta, muito preta. Jaqueta de couro, um jeans surrado e tênis All Star. Seus olhos cintilavam de uma cor cinza, marcados por laranja ao redor. Usava maquiagem pesada: Boca pintada de batom roxo-escuro, e lápis-preto que partia da base dos olhos e ía até a extansão lateral do rosto. Estava assustadora.
Ela voltou-se contra mim, me olhou fundo nos olhos e não disse uma única palavra sequer. Tudo o que fez foi estender e abrir sua mão direita, colocar sua mão esquerda com os dedos indicador a médio abertos frente ao rosto, e conjurar sua varinha. Logo eu, Thalia e Helen fizemos o mesmo, enquanto Keinan nos fitava espuriamente. Ela balançou sua varinha, recitando as palavras:
- Nullam at locus!
O feitiço veio com tudo em nossa direção. Era um feitiço simples, usado para fazer as coisas voltarem aos lugares de origem, e não saírem de lá até segunda ordem. Para ser sincero, eu não sabia o que ela queria com aquilo, até que o feitiço atingiu Thalia.
Imediatamente, a varinha de Thalia desapareceu, fazendo-a entrar em desespero. Pedi a ela que se acalmasse e se posicionasse atrás de mim. Agora éramos apenas eu e Helen. Assim, Helen atacou:
- Alica Lacus!
O feitiço sorteado. Helen tinha 95% de chances de acerto, devido ao seu nível como bruxa. Funcionou. Logo, uma imensa árvore surgiu e prender Keinan, segurando-a firmemente pelos braços. Keinan nem se importou. Ela se concentrou, e mesmo sem poder alcançar a varinha, gritou:
- Renovamen!
Feito isso, Keinan usou a magia do teletransporte, e apareceu atrás de Thalia, ampunhando sua espada.
- Clipeum! - gritei eu, defendedo assim o ataque de Keinan.
- Fragmen Massae Corpus! - a magia da moleza parcial. Apontei a varinha para o braço direito de Keinan, tornando-o inútil durante os próximos 30 minutos.
Keinan Renovamou de novo, e apareceu frente a nós novamente. Parecia bastante irritada com o que acontecera com seu braço. Sem dó nem piedade, Helen ateou fogo em Keinan.
- Mortuus Ignis! - O fogo mortal. Isso teria matado qualquer um, mas como Keinan é imortal, e somente eu e Darui podemos matá-la, ela só ficou um tanto debilitada.
- Evellam Totum Corpus! - gritou Keinan. Esse era o feitiço usado para esquartejar o inimigo, mas antes que ela pudesse matar Helen, eu a impedi.
- Faciam Ego Subsisto! - dito isso, a varinha de Keinan travou, e o feitiço não funcionou.
- Seu garoto miserável! Vagabundo! Cretino! Canalha! - Keinan me xingava, enquanto Helen apenas ria.
Keinan voltou-se contra ela, enfurecida, e fez algo que eu não esperava:
- Massae Totum Corpus! - feito isso, o feitiço ricocheteou e bateu em Thalia. O que aconteceu? Thalia ficou com o mesmo efeito do braço de Keinan, só que no corpo todo.
Keinan ria sarcasticamente, e fez outra coisa que eu não esperava:
- Reditus Motus! - era um feitiço novo. Keinan apontou a varinha para seu braço esquerdo, e logo o mesmo foi curado.
Reditus Motus significa "O Retorno do Movimento". Acho que entendi a moral do feitiço. Helen encarava Keinan, como se as duas tivessem assuntos pendentes. Porém, quando fui dar o passo para atacar, Keinan me interrompeu com uma fala inesperada.
- Reitan, nós somos irmãos. Não irei lhe machucar.
Por um instante, fiquei feliz. Mas o que veio depois...
- Suspensio! - Keinan usou o feitiço de levitação em mim, e me jogou para bem longe de minhas amigas.
Helen e Thalia estavam sozinhas contra Keinan, e não tinha chance alguma. Keinan continuou:
- Viu só? Não lhe machuquei... Mas já essa sua amiguinha medíocre que riu de mim, não será tão sortuda quanto você, Reitan.
Eu não podia me mexer, estava sendo segurado por Keinan. Tudo o que pude fazer foi assistir. Keinan levantou sua varinha, mirou Helen e repetiu as palavras cujas quais eu não queria ouvir:
- Alica Maximum!
- Nããããão!
Gritei desesperadamente, mas nada teve efeito. Depois, Keinan desapareceu, eu e Thalia fomos libertados dos feitiços. Corri aos prantos em direnção à Helen. Thalia a segurava nos braços. Helen sorria. Sua varinha permanecia entre seus dedos, ainda quentes. O choro de Thalia me comoveu. Diria que Helen estaria viva, não fosse por seu corpo inerte, aos braços de Thalia, que sustentavam o corpo de Helen e o impedia de ir ão chão. Parei. Me ajoelhei ao lado de Helen, e fechei seus olhos, lentamente. Seu sorriso permanecia estampado em seu rosto. Chorei. Gritei. Senti dor, muita dor. Senti como se estivessem me apunhalando pelas costas. Tomei o corpo de Helen dos braços de Thalia, que permanecia inconsolável. Levei a testa de seu corpo desalmado à boca, mal encostei meus lábios nela. O que mais mé doía, era saber que não pude fazer nada. Nada. Absolutamente nada. Helen dera sua vida por nós, e tanto eu quanto Thalia, nada pudemos fazer para impedir o seu fim. Helen se fora. Seus risos se foram com ela. Mas a lembrança da Helen que conheci, a minha melhor amiga, estarão vivas para sempre, por mais que ela não esteja mais aqui.
E, naquela noite, meu coração se partiu em mil pedaços. Apenas rezei, em silêncio, e nada mais fiz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Opiniões bem-vindas.