quarta-feira, abril 27

Teus olhos, teu sorriso, teus cabelos, teus lábios, tua essência, teu cheiro, teu modo de agir, tua mente, tua inteligência, teu abraço, teu simples e ao mesmo tempo complexo modo de ser, tua timidez, tua mãos geladas, tua voz, teu beijo... Tudo em ti é perfeito, e eu faço questão absoluta de dizer que amo você. Amor platônico e indiscreto esse meu, paixão ardente que mantém a chama da minha vida acesa. Tu és o meu motivo para viver, e o meu motivo para sonhar, para amar, para sofrer, para chorar, para rir, para acreditar que tudo dará certo. Meu motivo para errar, tropeçar, cair, me espatifar, porém ter a força de levantar e recomeçar tudo novamente, aprendendo com o erros que cometi, e tudo porque tu és quem me inspira. Tu és meu único motivo para viver minha imprevisível vida. Tu és meu único motivo para ser positivo, e pensar que tudo terminará bem. Resumindo tudo de uma forma puramente sensata, tu és o meu maior motivo para existir.

sábado, abril 23

Derramei meu vinho e libertei meu pranto. Minha dor me envolvia como um manto. Chorei incontáveis lágrimas de uma dolorosa tristeza, enquanto medíocres sorrisos sádicos dirigiam-se a mim. Torci impulsivamente para que meus olhos não se tornassem rubros, e para que meu sorriso não se tornasse escasso. Atormentei minha mente com pensamentos de incontrolável depressão. Meu corpo, aparentemente normal, rugia por dentro, de tal forma que espantaria mesmo o mais experiente dos hipócritas. Senti fortes mãos apalpando por dentro o meu coração. Quis gritar, porém recordei que ninguém poderia me ouvir. Tudo o que me restou foi chorar, e colocar toda aquela repugnante lamentação para fora, enquanto os sádicos se prontificavam a rir em meio à multidão.

sexta-feira, abril 22

Kamimi - O Choro dos Imortais

Um breve vento sopra, levando consigo intermináveis gritos calados e silenciosos. Aqueles gritos que tentam, tentam e continuam tentando sair, mas acabam ficando presos em meio a tanto desespero. Os olhos de todos, primeiramente tomados por uma forte sensação de bravor, batalha e vitória, tornam-se incontestáveis olhos de uma depressão visível. Lágrimas escorrem sobre os rostos, antes orgulhosos da vitória, e agora tristes pelo o que se foi. Todos lamentam o que acabara de acontecer. O mundo para. As lágrimas escorrem. Os sonhos destroem. As ondas, o mar, silenciam-se. O vento não sopra mais, e não arrepia os cabelos daqueles que o sentiam anteriormente. Os cães não latem mais, e todos são tomados por dores banais. Sob a luz da estrelas, uma breve e extremamente brilhosa estrela-cadente anuncia o choro dos imortais.
Helen, filha de Hades, morrera por seus companheiros, demonstrando toda a sua bravura, coragem e determinação. Seus olhos, ainda abertos, pareciam estar felizes. Carregava consigo o perfume das flores de um belo amanhecer. Sua boca permanecia sorrindo, mas seu corpo inerte, agora caído sobre o chão, contestava o fato de que ela se fora. Jeffrey, seu irmão, caminhou até ela e colocou a mão sobre seu rosto, e fechou seus olhos, enquanto uma dolorosa gota de lágrima escorria sobre seu rosto e caía sobre o rosto de Helen. Ele não se aguentou, ajoelhou-se perante a ela e chorou intensamente, de tal forma que parecia que seu choro banal jamais acabaria. Todos lamentavam, e tentavam disfarçar as lágrimas que escorriam sobre o rosto.
Perséfone, comprometida pela dor de Jeffrey, colocou sua mão sobre o coração de Helen, e fez uma prece para que Zeus a eternizasse. Zeus atendeu, e o céu brilhou intensamente. Do coração de Helen, saíram luzes da aurora, e voaram até o céu, formando a imagem de uma constelação. As estrelas formaram a imagem de uma garota com lindas asas de Fênix, que dava a impressão que jamais se apagariam. Assim, Jeffey abraçou Perséfone, que deu a ele uma flor tocada pelos pés da Fênix, e que mesmo que morresse, sempre reviveria. Perséfone abraçou-lhe fortemente, dizendo:
- Que esta chama, agora flor, seja como Helen em seu coração. Que nunca, por nada nesse e nos outros universos, se apague. Você para sempre se lembrará dela, e pode ter certeza de que para sempre ela se lembrará de você, eternizada na constelação de Fênix.

segunda-feira, abril 4

Kamimi - O Choro dos Imortais

Lá estávamos nós: eu, Aileen, Justin, Thalia, Perseu, Hirieu, Carl, Jeffrey, Helen, Rachel e Linda. A única deusa alí presente era Perséfone, a deusa da Primavera. O que nós estávamos fazendo? Caçando o Cérbero, ou Cerberus, o cão tricéfalo que guarda as portas do Hades.
Já imaginou o que é caçar o Cerberus? Se não, então faça um esforço, e imagine um cão gigante e negro, tipo assim, 'enooorme', que tenha três cabeças, todas elas envolvidas por inúmeras cobras que cospem fogo, e algumas cobras do mesmo gênero espalhadas pelo tórax. Agora, imagine que suas patas possuem o tamanho de um carro popular, e que uma patada dele é suficiente para te levar à morte. Imagine também que é impossível fugir dele, pois ele é tão grande, que cada passo dele corresponde a vários seus, isso fora o perigo de ser pisoteado durante a fuga. Bem, esse é o Cerberus, ou Cérbero, que vem do grego antigo Kroboros, que significa comedor de carne. Literalmente. Estávamos à procura de ninguém menos que o centinela do Inferno. Ele guardava (antes de fugir), o Hades e o Tártaro. O problema é que, se ele ficasse fora por muito tempo, as almas condenadas e os titãs poderiam escapar de seus castigos e tormenta eternos. Portanto, tínhamos de ser cuidadosos para não morrer, nem matar o Cérbero, pois, apesar de ele ser imortal, eu, Aileen e Justin possuímos a habilidade de matar seres imortais não-deuses, o que não poderia acontecer.
Até o momento estava tudo bem, até que ouvimos um rosnado. Os corredores da morte eram iluminados por tochas de fogo mágico (fogo que que jamais apaga), e qualquer sombra feita se projetava nitidamente naquele lugar. O rosnado soou e ecoou novamente. Todos ficaram perplexos, mas ninguém teve coragem de olhar para trás e testemunhar a nossa situação. Bem, não foi preciso. Todos, quase que simultaneamente, olharam para o chão, enquanto uma enorme sombra tricéfala se erguia em nossa frente. Todos engoliram em seco. Ainda com medo, resolvi criar coragem e me certificar daquilo que havíamos visto. O que posso dizer é que eu estava certo. Mesmo com a descrição do Cerberus, você não imagina o quanto aquele 'negócio' é grande (e horrível)! Minha primeira reação foi falar, em um tom apavorado, mas relativamente baixo:
- Corram! Agora!
Todos começaram a correr, mas, como disse, o Cérbero era mais rápido. Perséfone gritou:
- Separem-se!
Ela não precisou falar duas vezes. Todos se separaram, indo cada um para um lado da caverna. Nós não tínhamos medo de nos perder porque, se Perséfone assim desejasse, podíamos nos reagrupar instantaneamente.  Os filhos de Zeus (Perseu, Thalia e Justin) foram pela esquerda. Os filhos de Hades (Jeffrey, Helen e Aileen) foram pela direita. As filhas de Atena (Rachel), de Afrodite (Linda) e Perséfone foram pelo centro, enquanto os filhos de Poseidon (eu, Hirieu e Carl), corremos para o corredor à extrema esquerda. O Cérbero ficou confuso por alguns instantes, mas alguns segundos depois, ele veio atrás de... adivinha quem? De mim, é lógico! Sou sempre eu! Mas que raiva!
Eu e meus irmãos corríamos feito loucos. Não havia água aí para podermos usar, e mesmo que possuíssemos o poder de criar água, criá-la em corredores repletos de fogo mágico não era uma boa idéia. Talvez funcionasse, mas era arriscado demais gastarmos energia à toa. Nossa única opção era correr, correr e correr. O Cérbero nos alcançou, e quando ía dar a patada do juízo final, uma luz forte, cor-de-rosa e com perfume de flores nos envolveu. Quando me dei por conta, estávamos todos regrupados novamente. Quando digo todos, digo todos mesmo. Perséfone havia nos salvado, e reagrupado o resto dos semideuses. Não tive nem tempo de agradecê-la, isso porque um rosnado ensurdecedor ecoou por todos os corredores. Perséfone disse, vizivelmente apavorada:
- Não temos mais escolhas ou outras opções. Teremos que lutar.
Por um momento, senti um breve, porém intenso arrepio, e percebi que todos sentiram o mesmo, inclusive a deusa alí presente. Acho que as palavras dela soaram um tanto quanto 'grotescas'. Isso porque lutar contra um cão gigante que pode te carbonizar, é a pior opção de hobbie que alguém pode ter.
Enfim, ele chegou. Lá estava aquele (estúpido) cão de guarda de novo! Ah, que raiva! Eu realmente não cheguei a pensar que algum dia eu consideraria a hipótese de esganar um cachorro. Bem, para ele eu abriria uma exceção.
A batalha começou. Cerberus soltou um forte e ensurdecedor latido, que ecoou por todo o local, e após latir, começou a descontroladamente jogar fogo em nós. Suas cobras (malditas cobras, diga-se de passagem), abriam suas repugnantes bocas e soltavam um fogo quentíssimo e de cor azulada. Parecia quase como um gás de butijão. Perséfone nos alertou que o fogo das cobras de Cérbero é indefensável e inextinguível, a não ser por água mágica. O fogo de Cerberus veio ao nosso encontro. Tudo o que pudemos fazer foi fugir, correndo e tendo muito cuidado para não sermos pisoteados ou carbonizados. Thalia não correu. Ela nos pediu para dar a ela cobertura, para que pudesse se concentrar em lançar seus feitiços. Então, ela se escondeu em um canto, enquanto lutávamos para nos manter vivos. Keinan (Aileen) cansou-se de fugir e lançou um ataque:
- Ekdíkisi Ouránia! - Vingança Celestial!
Um forte vento começou a soprar, varrendo tudo o que estava no caminho de Keinan. O vento, cortante, chegou ao Cérbero e cortou algumas das cabeças de suas cobras, apesar de não ter feito muito estrago com o Cérbero em si, abrindo apenas alguns pequenos cortes.
O Cérbero imediatamente repudiou a ação de Keinan, e lançou seu fogo azulado sobre ela. Eu jurava que ela iria morrer. Mas então, uma enorme muralha de água ergueu-se, e Hirieu gritou:
- Mizu no kamikabe! - Parede de Água Divina!
Assim, o fogo de Cérberus foi defendido, e Aileen agradeceu Hirieu por ter salvo sua vida. Então, Hirieu tornou a voltar-se para o Cérbero, e gritou:
- Tsunami ton Théon! - Tsunami dos Deuses!
A enorme quantidade de égua dirigiu-se imediatamente ao Cérbero. Eu poderia jurar que aquilo iria matá-lo. Eu não sabia se além de mim, Keinan e Justin, alguém mais poderia possuir o poder de matar criaturas míticas.
Logo quando Cerberus iria ser atingido pela enorme onda de água, uma gigante parede de pedra ergue-se ao seu redor e lhe defendeu, bem nos últimos instantes antes do impacto. Hirieu ficou preplexo, mas logo descobriu que fora obra minha. Então, me senti livre para nomear o golpe:
- Ámynas tou Olympou! - Defesa do Monte Olimpo!
Hirieu me encarou, com olhar desaprovador:
- Mas afinal, de que lado você está?!
Não tive tempo de explicá-lo, mas acho que ele entendeu, ou ao menos se lembrou de que não poderiamos matar o Cérbero. Helen, então, pronunciou-se:
- Hinochi, por que você fez aquilo?
E eu a respondi:
- Como assim porquê? Achei que você soubesse...
E Helen respondeu:
- Mas é claro que eu sei que Cérberus deve permanecer vivo, mas aquele ataque de água não iria matá-lo, iria servir para enfraquecê-lo. Afinal, estamos no Hades, Inferno, Purgatório, como preferir! Resumindo, aqui é o território dele! Ele não morreria em seu próprio território, ainda mais devido a um ataque de água!
Por um momento, refleti e percebi que ela tinha toda a razão. Sabem lá os deuses o que eu estava pensando. Quando eu ia falar, Thalia me interrompeu:
- Estou pronta!
Seus olhos cintilavam de uma forte cor rosada. Suas roupas e armadura haviam tomado a forma de um lindo vestido verde, como aqueles de festas de quinze anos. Um amuleto em forma de safira estava pendurado em seu pescoço, e seus cabelos haviam se tornado ruivos. Um belo par de asas, como de borboletas, erguia-se, gozando de deslumbre e beleza. De tão linda, seu corpo chegava a brilhar. Ela estava em sua forma completa de fada, na qual ela não precisa de varinha de condão. Eu já a havia visto como uma fada, mas nunca como a Rainha das Fadas. Era simplesmente linda. Por um breve instante, seus lindos olhos me encararam. Me senti até um pouco sem jeito, afinal, ela era linda demais.
Então, Thalia aproximou-se da fera, e o encarou fixamente nos olhos. O Cérbero começou a piscar vagarosamente, e em pouco tempo, estava deitado, roncando e dormindo no chão. Thalia cochichou, de forma quase inaudível:
- Vathý ýpno! - Sono profundo!